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Como são os dias da mais famosa trilha da América do Sul? O que a torna tão especial? Depois de ler as dicas sobre como se planejar para percorrer a Trilha Inca Tradicional – com 4 dias e 3 noites de duração – veja com detalhes como é o percurso dessa caminhada, considerada por muitos como uma das cinco melhores do mundo!
A Trilha Inca Tradicional é conhecida por ser uma trilha de esforço moderado, principalmente por causa da altitude, que costuma castigar bastante aqueles que a encaram. Mas nada como um bom treinamento, com alguns meses de antecedência, para superar os principais obstáculos do caminho.
São ao todo 44 km, divididos da seguinte forma: dia 01: 10 km; dia 02: 10 km; dia 03: 16 km; e dia 04: 06 km.
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Mas afinal, como é o caminho?
1º dia – muito tranquilo
A agência nos pegou no hotel em Cusco às 6:40h da manhã e nos levou em direção a Ollantaytambo. Éramos ao todo 10 pessoas, mais 2 guias e o grupo de carregadores e cozinheiros. Antes de iniciarmos a caminhada, foi servido um almoço no povoado de Piskakucho (2.570 m de altitude), situado na altura do km. 82 da linha do trem que liga Cusco a Águas Calientes. Foi nesse momento que aproveitamos para comprar cajados – essenciais para os dias de caminhada mais pesada -, chapéus, pacotinhos com folhas de coca e algumas pequenas guloseimas, como frutas secas, barrinhas de cereais e chocolates.
Após passarmos pelo primeiro posto de controle da Trilha Inca iniciamos o trekking.
Dica importante: tenha sempre em mãos o seu passaporte, o boleto da trilha e sua Carteirinha de Estudante Internacional (ISIC), se você a utilizou para fazer a reserva da trilha. Esses documentos são solicitados em cada posto de controle ao longo do caminho.
A caminhada no primeiro dia é muito suave: são aproximadamente 4-5 horas de andanças por um trajeto em sua grande parte plano, totalizando 10 km. Andamos um bom tempo margeando o lado esquerdo do Rio Urubamba e passamos por alguns terraços planos, até chegar às ruínas incas de Llactapata (2.750 m de altitude), onde demos uma parada estratégica para descanso. Esse local era de grande importância para o povo inca, pois era visto como o centro de fornecimento de milho para Machu Picchu.
O ponto de parada seguinte já era o acampamento de Wayllabamba (3.000 m de altitude), de onde se pode ver o lindo Nevado Verônica. Chegamos no acampamento ainda de dia, com todas as barracas já montadas e o jantar pronto para ser servido. Perfeito!
Nesse local havia um banheiro bem simples com um chuveiro de água geladíssima, pelo qual cobravam 2 soles o uso. Aproveitei para tomar um banho rápido, já que no segundo dia não haveria essa oportunidade. Fomos dormir cedo, por volta das 20h.
Ao longo de todo o caminho, é importante ter em mente algumas recomendações, como:
* Fazer uma série de alongamentos antes e ao final de cada dia de caminhada.
* Sempre se manter hidratado! Beber muita água, e sempre que possível, Gatorade.
* Comer barrinhas de cereais, chocolates e frutas secas, que te darão energia para continuar as caminhadas.
* Mascar folhas de coca e beber muito chá de coca para evitar o “soroche” ou “mal de altitude”. Para quem não conhece, soroche é o nome dado às reações que o nosso corpo tem quando vamos para lugares com altas altitudes. As reações mais comuns são: fadiga, dores de cabeça, vômitos, náusea, tonteira, hemorragia nasal, dor no estômago, falta de ar e coração palpitante.
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2º dia – o mais pesado
O segundo dia da Trilha Inca é conhecido por ser o mais difícil, pois em poucas horas sobe-se mais de mil metros de altitude, com alguns trechos em escada de pedras. Sabendo disso, tomamos um café da manhã reforçado, acompanhado de um delicioso chá de coca.
Não é preciso se preocupar em desmontar as barracas, pois o grupo de carregadores fica encarregado dessa parte. Portanto, logo após o café da manhã, começamos a nossa pesada caminhada, que se iniciou com uma longa subida por meio da mata.
Em pouco tempo a paisagem muda completamente, e a subida passa a ser feita em uma trilha estreita, dando para um lindo vale, com uma vegetação mais árida, e tendo ao fundo o Salkantay, que é um pico da Cordilheira dos Andes localizado no Peru. Muito bonito!
Enquanto subíamos devagar, com muito esforço, nossos carregadores – que haviam ficado no acampamento arrumando as barracas – pediram passagem e dispararam na nossa frente. Alguns deles carregavam até botijão de gás! É realmente de impressionar como conseguem carregar tanto peso e caminhar tão rápido!
A caminhada nesse dia não chega a ser muito longa, mas devido à altitude, ela pode ser bem sofrida! Lembro de ter subido bem devagar e de ficar comemorando a cada 5 passos completados!
Dica importante: A temperatura por aqui costuma ser mais baixa. Por isso, é importante levar na mão um bom casaco de lã e algo impermeável. Além disso, para evitar o mal de altitude e manter alto o nível de açúcar no sangue, é recomendado levar na mochila chocolates, barrinhas de cereais e folhas de coca.
O momento da chegada a Warmiwañusca (4.215 m de altitude) é de pura emoção, pois esse é o ponto mais alto da trilha. Conseguir chegar até ali é conseguir passar pela parte mais difícil de todo o caminho e os guias fazem questão de registrar e comemorar esse momento!
A partir daqui, inicia-se o trecho de descida. Ufa! Que felicidade!
Após mais algumas horas de caminhada pelo Vale de Pacaymayu (3.600 m de altitude), chegamos ao nosso acampamento. Que maravilha de barraca e que delícia de jantar! Hoje foram ao todo 5-6 horas de andanças.
Como esse acampamento fica ao lado de um rio, quem tiver ânimo e coragem, pode aproveitar a chegada para tomar um banho. Eu preferi ficar no banho de leito e nos lencinhos umedecidos. Novamente, dormimos por volta das 20h.
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3º dia – muita descida e algumas ruínas incas
Podemos chamar o terceiro dia como “o dia da descida”. Partindo do Vale de Pacaymayu, após uma subida inicial, a descida é longa e constante. Para quem tem problemas nos joelhos, é importante ir preparado. Minha sorte foi que além do cajado, eu levei joelheiras que acabaram sendo essenciais!
Nesse dia a paisagem muda completamente, e o caminho é feito no meio de uma bonita floresta tropical, com muito verde.
O problema é que acabamos pegando muita chuva e neblina, o que dificultou bastante a visualização da paisagem. Depois soubemos que esse clima é comum nessa região. Por isso, é sempre bom esperar pelo pior e levar uma boa capa de chuva.
No meio da floresta, ao longo da caminhada, passamos por algumas ruínas incas. A primeira delas é Runkuraqay (3.800 de altitude), uma linda estrutura oval que servia como posto de vigilância.
A seguinte é Sayacmarca (3.624 m de altitude), um complexo arqueológico que provavelmente foi utilizado para cerimônias religiosas, com vários níveis e repleto de fontes, pátios e canais de irrigação.
O terceiro sítio arqueológico é o Phuyupatamarca (3.670 m de altitude), também conhecido como “cidade sobre as nuvens”, uma vez que essas se concentram na parte inferior da montanha.
Após mais duas ou três horas de caminhada, com duras descidas, chegamos ao nosso acampamento final: Wiñayhuayna (2.700 m de altitude). Para quem ainda tiver disposição, a cinco minutos do acampamento, pode-se visitar o complexo arqueológico de Wiñayhuayna, composto por um centro agrícola com numerosos terraços religiosos e urbanos. Confesso que meu joelho não aguentou após quase 16 km de descidas…
Esse é o acampamento mais estruturado de todo o caminho, com restaurante e banheiro com água quente! Uma maravilha!
O jantar servido pelos guias costuma ser mais caprichado, e geralmente vem acompanhado de um vinho tinto de caixinha! Quem preferir, pode comprar uma deliciosa cerveja Cusqueña.
O clima nesse dia é de festa, afinal é a última noite da trilha, e no dia seguinte chegaremos ao tão esperado destino final.
Após a cerimônia de agradecimento, onde os guias, carregadores e cozinheiros fazem um discurso, é costume o grupo se juntar para dar uma gorjeta para a equipe. Não é obrigatório, mas acaba sendo uma forma de agradecer o trabalho de todos durante aqueles dias de convívio e intensas caminhadas.
Apesar do clima de festa, não é recomendado dormir tarde nesse dia, afinal, em poucas horas o grupo terá que acordar para continuar o último dia do caminho.
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4º dia – Intipunku e a chegada em Machu Picchu
O quarto e grande dia começa ainda no escuro. Após comermos algo rápido, iniciamos a caminhada com lanternas por volta das 5 da manhã. Sair cedo é importante para chegar em Intipunku – também conhecida como Porta do Sol – com o dia amanhecendo, e em Machu Picchu antes dos grandes grupos.
A andança até Intipunku (2.720 m de altitude) dura aproximadamente uma hora. Dali se tem a primeira vista para Machu Picchu. Pura emoção!
De Intipunku a Machu Picchu são mais 40 minutos de descidas, por uma trilha suave, com alguns trechos muito estreitos e beirando grandes ribanceiras – confesso que me causou um certo pânico…
Após algumas paradas para as fotos clássicas, chegamos em Machu Picchu! Uau!!
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Machu Picchu
Geralmente, os pacotes das agências para a Trilha Inca Tradicional incluem, além da entrada, uma visita guiada de aproximadamente duas horas por Machu Picchu. Durante essa visita, passamos pelas suas principais atrações, onde são explicados em detalhes o seu significado.
Esse é sem dúvida, o momento de euforia máxima! Afinal, você está andando há quatro dias para isso!
Na guarita de entrada para o santuário é preciso deixar as mochilas e os lanches, pois só é permitido levar uma mochila/bolsa de até 20 litros e as câmeras fotográficas. Guardas atentos percorrem toda a área e ficam soprando um apito para alertar aqueles turistas que desviam dos caminhos principais. Para evitar passar vergonha, vale levar um mapa e seguir somente os caminhos delimitados.
Algumas das principais atrações são: Templo do Sol, uma construção semi-circular também chamada de Torreón, que lembra a torre de um castelo; Tumba Real; Rocha Funerária; Templo das Três Janelas; Plaza Sagrada e Intihuatana, uma incrível pedra talhada que servia de relógio astroagrícola.
A visita guiada costuma terminar com um agradecimento do grupo na Rocha Sagrada, um grande losango de granito que parece ter a silhueta do Putukusi, montanha sagrada dos incas que está localizada atrás da pedra. Ninguém sabe ao certo qual o seu significado, mas aparentemente é um altar. Aproveitamos para agradecer por aquele momento e captar a suposta energia emanada pela pedra.
Na época ainda era possível chegar perto da rocha. Hoje em dia, há um cordão de isolamento ao seu redor.
A partir desse momento, o grupo se despediu e cada um seguiu por conta própria. Como iríamos dormir em Águas Calientes, aproveitamos para dar uma volta com calma e curtir cada cantinho do santuário.
Aliás, essa foi uma grande dica que recebi de uma amiga: durma uma noite em Águas Calientes para poder curtir Machu Picchu durante o entardecer! Caso contrário, o último trem de volta para Ollantaytambo sai às 16:30h, e você terá que sair ainda mais cedo do santuário.
Quem ainda tiver disposição, pode encarar a subida para o Huayna Picchu, a grande montanha que aparece nas fotos clássicas de Machu Picchu, e que se projeta sobre o vale do Rio Urubamba. A subida é limitada a 400 pessoas por dia, sendo 200 no horário das 7 hs e 200 no horário das 10 hs. Os ingressos costumam esgotar, principalmente em alta temporada. Por isso, é importante fazer a reserva junto com o pacote da Trilha Inca, ou logo ao chegar na guarita de entrada do santuário. Confesso que não passou pela minha cabeça encarar mais subidas e descidas, ainda que fosse de apenas duas horas. Mas fica a dica para quem tiver melhor preparo físico!
Como não se pode entrar com lanche no santuário, acabamos comendo algo rápido no Machu Picchu Sanctuary Lodge (que não é nada barato), e aproveitamos para ver o lindo entardecer antes de ir embora.
Uau! Só mesmo esse visual para me fazer esquecer todas as dores dos quatro dias de caminhada! Se eu me arrependi de ter feito a Trilha Inca Tradicional? Claro que não! Recomendo a todos fazerem também!
Saindo de Machu Picchu, é possível chegar até Águas Calientes de ônibus (US$ 12/pessoa), que saem de 10 em 10 minutos. Em 30 minutos chega-se ao pequeno vilarejo.
Desde 1º de julho começaram a valer as novas regras para visitação a Machu Picchu. Não deixe de conferir!
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